Exame oftalmológico de rotina é capaz de identificar não só defeitos de visão, mas também males como hipertensão, diabetes e anemia
Rio - Fazer exames de vista ao menos uma vez por nao pode ser mais benéfico para a saúde do que se imagina. Além de problema nos olhos, exames oftalmológicos de rotina podem identificar outros distúrbios. Entre eles, hipertensão, diabtes e anemia.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz, do Instituto Penido Burnier (Campinas, São Paulo), por meio da fundoscopia (exame de fundo de olho) é possível detectar distúrbios oculares e sistêmicos e até mesmo controlar a gravidade de várias doenças.
"O exame é feito com a pupila dilatada e uma lente que aumenta diversas vezes o nervo ótico, retina e vasos. Ele permite controlar a evolução de distúrbios, como hipertensão, diabetes, colesterol, doenças reumáticas e até tumores intracranianos", afirma Queiroz.
Estudos realizados na Universidade Nacional de Cingapura e nas universidades de Sidnei e Melbourne (Austrália) comprovaram que problemas cardíacos podem ser detectados por meio da observação de danos nos vasos sanguíneos dos olhos.
CONTROLE DA PRESSÃO
Para Queiroz, entretanto, os pacientes que sofrem de hipertensão e diabetes são os que mais precisam frequentar os consultórios oftalmológicos. "No caso da hipertensão, por exemplo, o oftalmologista pode dizer se a doença está avançada, pois a coloração dos vasos da retina indica se a pressão arterial está descontrolada a médio prazo", explica.
Segundo o especialista, é comum o clínico geral encaminhar diabéticos ao oftalmologista. Pelas informações sobre vasos e artérias oculares contidas no relatório do exame, o clínico pode saber como está funcionando o rim do paciente, além de controlar o nível de glicose, glóbulos vermelhos e de colesterol no sangue.
"As lesões nos olhos dessas pessoas podem demorar cerca de cinco anos para aparecer e devem ser controladas. O exame permite que o médico identifique o melhor tratamento e, por isso, deve ser feito a cada seis meses em diabéticos e hipertensos", conclui Queiroz.
Os danos causados pelo fumo à saúde chegam até os olhos
"O olho é uma das regiões mais atingidas pelo tabaco, tanto em fumantes ativos quanto em passivos. O risco de desenvolver catarata é duas vezes maior entre fumantes que entre não-fumantes. Existe também uma maior incidência de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) em indivíduos fumantes, que chegam a desencadear a doença até 2,5 vezes mais. A DMRI leva a baixa acuidade visual (qualidade e quantidade de visão), muitas vezes irreversível", alerta a especialista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Neuza Rios.
Tabaco - Segundo a OMS, o uso de tabaco é a segunda maior causa de mortes no mundo, atrás apenas de problemas cardiovasculares, sendo responsável pelo óbito de um a cada dez adultos no planeta. O consumo passivo do tabaco mata 600 mil pessoas por ano.
Segundo Neuza, "há duas formas de manifestação do DMRI: o tipo 'seco' e o tipo 'exsudativa'. Cerca de 90% dos casos são de tipo seco, que é caracterizada pela formação de pequenos depósitos amarelados na retina, as chamadas "drusas", associadas a alteração do epitélio pigmentar, uma das camadas da retina. Os outros 10% se referem à forma mais rara de DMRI, a exsudativa, com aparecimento de vasos anormais na região macular."
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